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Formação em Pedagogia, UFPA e pós-graduada em Informática na Educação - UEPA. Atuando na Rede Municipal e Estadual de Educação em Castanhal/Pa

terça-feira, 7 de janeiro de 2014



Razão e emoção: componentes fundamentais do conhecimento
moran-entrevista-simposio-hipertexto
A Sala de Imprensa do Simpósio Hipertexto conversou com José Moran, professor, pesquisador e gestor de cursos online da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (Eca/USP). Em uma engajada entrevista digital o conferencista do evento nos revelou muito da sua linha de pensamento sobre a evolução da educação. O resultado do bate-papo você pode ler a seguir:
Como as tecnologias da educação podem reabilitar o Humanismo. Desafios da Educação Humanista para aliar, efetivamente, os bem-estares pessoal e organizacional e desenvolver uma aprendizagem capaz de se situar entre a previsibilidade institucional e a imprevisibilidade das redes sociais.
José Manoel Moran, professor da Universidade de São Paulo (USP) participará da 5ª edição do Simpósio Hipertexto e Tecnologias da Educação: evento que tornou Recife parada obrigatória para estudiosos de todo o País. Na ocasião o pesquisador promoverá um debate decisivo para os rumos da sociedade: como tornar viável a Educação Humanista, que enfrenta o desafio de reaproximar razão e emoção. Ao procurar respostas, o estudioso aponta maneiras de enfrentar um dos mais resistentes mitos pavimentados pelo Ocidente: a ideia de que pensar e sentir são opostos irreconciliáveis.
Moran atua como pesquisador e gestor de cursos online, além de ser autor de diversos livros, como Educação a Distância – Pontos e Contrapontos e A Educação Que Desejamos – Nossos Desafios e Como Chegar Lá. Neles, o autor investiga como a dificuldade de gerenciamento das emoções e da ética torna a aprendizagem lenta: ponto de vista que contesta a crença tradicional de que lentidão no aprendizado é sintoma de déficit intelectual.
Os estudos do pesquisador apontam as tecnologias da informação e da comunicação como aliadas no processo que torna a educação humanista componente indispensável ao bem-estar das pessoas e das organizações, dentre as quais as escolas e as empresas.
Pensando a educação como uma resultante de forças, razão e emoção não seriam vetores opostos, que paralisariam o sistema? Como conciliar razão e emoção em torno do que você chama de Educação Humanista Inovadora?
Prof. José Manuel Moran - Razão e emoção são componentes fundamentais do conhecimento. A separação que fizemos no ocidente durante dois mil e quinhentos anos (desde Platão e Aristóteles) não se sustenta cientificamente, à luz dos estudos atuais sobre a mente humana (como, por exemplo, os do Antônio Damásio).
A educação só faz sentido se se preocupa com as pessoas como um todo, com a sua inteligência, sensibilidade, emoção, atitudes e valores. A educação faz sentido se for integral, integrada, abrangente. A educação humanista é o processo de ajudar as pessoas a que aprendam a evoluir em todas as dimensões, e para que consigam fazer melhores escolhas em todos os campos.
O equilíbrio entre razão e emoção nos ajuda a compreender, sentir, decidir e agir de forma mais coerente e estimulante. Infelizmente, a maior parte das pessoas tem dificuldades em fazer essa integração; por isso, complicam sua vida e a dos que convivem com elas. Todas as decisões racionais sofrem a interferência de nossas emoções e de outras componentes mais complexas como as culturais.
Quanto mais nos desenvolvemos racionalmente e emocionalmente, mais clareza vamos adquirindo das interferências nas nossas decisões. Por isso, a educação humanista é importante: para avançarmos na consciência do conhecimento complexo, que leva em consideração todas as variáveis pessoais e sociais.
Ilustração: Karla Vidal
Razão e emoção podem caminhar juntas, no mesmo sentido, em prol de uma educação mais integrada, mais abrangente. Ilustração: Karla Vidal
Num contexto em que o utilitarismo e a vantagem própria parecem ser os grandes motivadores da aprendizagem, como trazer o humanismo para a educação sem que a vertente empreendedora seja negligenciada, valorizando-se, em contrapartida, um romantismo inócuo?
Prof. José Manuel Moran - A visão humanista não é imobilista, nem leniente com os que querem obter vantagens indevidas. A educação humanista pode e precisa ser articulada com a visão empreendedora, integradora e de longo prazo. Pode ser que numa competição de curta duração, o humanista seja ultrapassado, de imediato, pelo espertalhão, mas a vida é uma corrida de longo prazo, onde vale a persistência, a coerência e os valores pessoais, organizacionais e sociais praticados.
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de compreensão e integração, que possam servir como referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a teoria e a prática.
Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional e ético, tanto no âmbito pessoal quanto no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que aproxima o pensar do viver.
Somente podemos educar para a autonomia, para a liberdade, com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, orientados por pessoas e organizações livres.
Como a Educação Humanista pode potencializar os ganhos tecnológicos para a emancipação humana, evitando a tendência da técnica de tomar o lugar de atuação das pessoas e de inseri-las em rotinas mecanizadas e “desumanizadas”?
Prof. José Manuel Moran - Em meio a muitas contradições e dificuldades, conseguimos incorporar a tecnologia no que tem de libertadora e sair das armadilhas da dependência dela e de qualquer outra dependência.
Como pessoas, grupos e sociedade estamos aprendendo a emancipar-nos, a evoluir sempre mais. Infelizmente muitos – individual e organizacionalmente – ainda procuram atalhos para dominar, controlar, explorar, enganar. As tecnologias podem ajudar-nos a evoluir ou a controlar.
A educação é a soma de todos os processos de transmissão do conhecido, do culturalmente adquirido e de aprendizagem de novas ideias, procedimentos, soluções, realizados por pessoas, grupos, instituições, organizada ou espontaneamente, formal ou informalmente. Estamos numa fase de transição: nem estamos no modelo industrial (embora mantenhamos muitas de suas estruturas organizacionais e mentais) nem chegamos ao modelo da sociedade do conhecimento, embora parcialmente incorporemos alguns dos seus valores e expectativas.
A sociedade é educadora e aprendiz, ao mesmo tempo. Todos os espaços e instituições educam – transmitem ideias, valores normas – e, ao mesmo tempo, aprendem.
Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. A educação com profissionais mais evoluídos nos mostrará caminhos mais avançados de integrar o humano e o tecnológico; o racional, sensorial, emocional e o ético; o presencial e o virtual; a escola, o trabalho e a vida em todas as suas dimensões.
Como os professores, com auxílio das tecnologias da educação, podem diminuir a distância que os separa das crianças? E no caso dos adolescentes e da educação de adultos e idosos? Como lidar com o peso do analfabetismo tecnológico que se sobrepõe às carências de educação básica?
Prof. José Manuel Moran - Ser um bom profissional da educação, hoje, implica também aprender a ensinar numa sociedade que está sofrendo profundas transformações em todos os setores da vida social e que agora são perceptíveis também nas organizações educacionais.
Há questões que só se resolvem em médio prazo, com maior investimento na formação, remuneração, carreira e valorização profissional. Um professor hoje pode, com apoio das tecnologias móveis e em rede, informar e explicar menos e orientar mais como aprender, organizando atividades significativas em que os alunos participem mais ativamente.
O grande gargalo é a formação continuada dos profissionais para o domínio técnico e pedagógico destas tecnologias em cada fase da vida dos alunos, da educação infantil até a educação da terceira idade. Essa formação costuma ser fragmentada, descontínua. Muitos professores também não são proativos. Esperam que tudo venha do Governo ou da diretoria das escolas.
As tecnologias móveis desafiam as instituições a sair do ensino tradicional em que os professores são o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e outros online, mantendo vínculos pessoais e afetivos, estando juntos virtualmente.
Ilustração: Karla Vidal
Ainda não existe um bom aproveitamento das tecnologias, mesmo que muitas delas sejam gratuitas ou de baixo custo e disponíveis para uso educacional. Ilustração: Karla Vidal
Na maioria das escolas, há um descompasso com o cotidiano. A escola não aproveita o potencial mobilizador dos games, celulares, tablets, da comunicação pelo Twitter, Skype ou Facebook ou programas semelhantes.
As inovações mais promissoras encontram-se em escolas que têm tecnologias móveis na sala de aula, utilizadas por professores e alunos. Partem de situações concretas, de histórias, cases, vídeos, jogos, pesquisa, práticas e vão incorporando informações, reflexões, teoria a partir do concreto. Quanto menores os alunos, mais práticas precisam ser as atividades.
Não podemos dar tudo pronto, empacotado. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de passar conteúdo e cobrar sua devolução é ridículo. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. É interessante organizar pesquisas em pequenos grupos, participar de desafios ou gincanas em que os tablets ou smartphones possam ser úteis tanto para coletar informações, organizá-las, como para comunicar-se com colegas que estão distantes.
No ensino superior presencial os modelos blended learning são os mais interessantes: parte em sala de aula e parte online, com atividades integradas e sinérgicas. A tendência é para uma convergência maior entre os cursos presenciais e os à distância, com projetos pedagógicos, equipes e plataformas integrados. Isso favorece a mobilidade de alunos e professores. Alunos podem migrar de uma modalidade para outra sem problemas, podem fazer algumas disciplinas comuns. Professores podem participar das duas modalidades e ter maior carga docente. Isso permite que processos, produtos e metodologias operem interativamente, reduzindo custos e aumentando sua visibilidade.
Como as tecnologias na educação lidam com a difícil escolha entre educação formal/técnica/rígida e educação libertadora/criativa/flexível?
Prof. José Manuel Moran - As tecnologias são utilizadas na escola tanto para reforçar o ensino convencional, mais rígido, centrado no professor e no conteúdo, como para promover uma educação mais libertadora, criativa e flexível. O importante é o projeto educativo que a escola tem e a execução desse projeto por gestores e professores abertos para as mudanças de hoje.
Com os avanços das redes e da mobilidade, as pessoas estão aprendendo de forma muito mais flexível, horizontal, informal, sem depender somente dos mestres. A aprendizagem em grupos, em pares, entre pessoas de diversos países é cada vez mais ampla e fascinante. Como podemos aprender equilibrando a organização previsível que as instituições escolares propõem com a imprevisibilidade da aprendizagem informal nas redes sociais?
Além da mobilidade, há avanços nas ciências cognitivas: aprendemos de formas diferentes e em ritmos diferentes. Não precisamos dar o mesmo conteúdo e atividades para todos, no mesmo ritmo. Temos soluções tecnológicas que orientam os professores sobre como cada aluno aprende, em que estágio se encontra, o que o motiva mais e monitorar esses avanços.
Muitos aprendem intercambiando conhecimentos interpessoais, por exemplo, em portais como o Livemocha, onde pessoas de 190 países aprendem e ensinam línguas simultaneamente. Quem sabe português ajuda a pessoas de outros países e é ajudado por elas para aprender línguas estrangeiras, gratuitamente. O portal Riffworld incentiva o compartilhamento e a divulgação de músicas de autoria, de sua execução pública pela WEB a custo zero. Redes como Itsnoon e Festival de Ideias divulgam projetos sociais interessantes, que convidam a que outros participem, contribuam, colaborem. Estas iniciativas – entre muitas outras semelhantes – confirmam a importância que hoje adquiriu o conhecimento compartilhado, o intercâmbio de saberes, a quebra de barreiras formais e a importância de encontrar canais de aplicação desses conhecimentos em projetos concretos, compartilhados.
Há ofertas de cursos hoje muito mais variadas que anos atrás. Os cursos massivos online (MOOCs) trazem situações muito desafiadoras. Começaram com o acesso a professores e materiais muito ricos e de forma aberta. Temos propostas de cursos massivos estruturados, planejados antes em todos os seus passos, com a previsão do que os alunos devem fazer em cada etapa. São os xmoocs, de estrutura mais hierárquica e previsível.
Ao mesmo tempo também são oferecidos cursos online massivos, com foco na intensa colaboração, participação dos alunos. São os cmoocs que focam a geração de conhecimento através da criatividade, a autonomia e a aprendizagem social em redes. O planejamento não é fechado, nem previsível pelas equipes de produção totalmente. Os participantes do curso pesquisam soluções para situações concretas, desenvolvem propostas viáveis, contribuem ativamente para o seu resultado, colaboram, discutem, publicam, trazem suas experiências e conhecimentos consolidados, que são valorizados pelo(s) professor(es) de cada curso.
A ideia de que é possível cultivar uma educação que dispensa a rigidez e trabalha só no polo da flexibilidade não é uma forma de eximir o Estado e os educadores da complicada tarefa de educar as novas gerações, cada vez menos afeitas a controles institucionais?
Prof. José Manuel Moran - A educação não se esgota na escola. A sociedade educa através da família, grupos, organizações, mídias. Todos somos corresponsáveis pelo sucesso ou fracasso educativo individual e coletivo. A educação formal organiza uma parte desse processo mais amplo, que é o ensino de conteúdos, habilidades, competências e valores importantes para o país, para a transmissão da cultura passada e orientar para escolhas pessoais e profissionais futuras.
O Estado é diretamente responsável pela educação formal escolar e pela educação de adultos. Precisa oferecer oportunidades de educação continuada para todos, de atualização profissional, de desenvolvimento de competências no mundo digital. Mas todos nós, cidadãos, participamos na educação integral de cada criança e jovem, na interação rica que estabelecemos com nossas palavras e ações em cada situação em que nos encontramos. Nesse sentido mais amplo todos somos educadores, tanto pela ação como pela omissão, pelo exemplo positivo como pelo negativo.
Não seria necessário rever a teoria de Paulo Freire que coloca a educação “bancária” como antagonista completa da educação libertadora? Como, na era da informação, abrir mão do papel arquivístico ou bancário da educação, tendo em vista as pressões não só de mercado, mas também culturais e relativas à obtenção de status?
Prof. José Manuel Moran - A organização da informação tão diversificada é importante na educação. Aprender a selecionar o que vale a pena, a compará-lo e avaliá-lo é fundamental para a construção do conhecimento. Mas para isso, não precisamos manter o modelo tradicional de transmissão convencional das informações (o modelo bancário). O conteúdo que um aluno precisa aprender na educação básica e superior está disponível de múltiplas formas, a maior parte gratuitas. O importante é o que ele pode fazer com tanta informação; como torná-la significativa, congruente e aplicável.
Temos que aproveitar todas as possibilidades que as tecnologias nos permitem de criar ambientes ricos de informação, de atividades adaptadas ao ritmo de cada aluno. Uma formação mais prática que teórica, com muita pesquisa, atividades supervisionadas, projetos, orientação dos alunos desde o começo.
Uma das formas interessantes de ensinar hoje é através das aulas invertidas ou flipped learning. As informações iniciais sobre cada assunto podem ser disponibilizadas no ambiente virtual, com um roteiro que o aluno percorre, investiga. Depois o professor tira as dúvidas, orienta, amplia os significados num ambiente de webconferência. No próximo assunto, pode-se partir de um desafio, um jogo, uma viagem virtual, onde os alunos sigam pistas, investiguem, colaborem entre si até chegar a um consenso, a partir também de leituras com autores de referência sobre os temas pesquisados. A informação é importante, mas não precisa estar confinada unicamente à sala de aula e depender só da transmissão do professor.
Como, num contexto de pobreza e carência de meios, os educadores podem agir para ser gestores menos previsíveis e mais inovadores?
Prof. José Manuel Moran - Há muitas tecnologias e aplicativos gratuitos ou de custo baixo disponíveis para uso educacional. Qualquer professor pode criar um blog, criar um grupo, se a escola ou instituição não tiver ambientes digitais próprios. O importante não são os aplicativos, mas a criatividade na utilização didática dos recursos possíveis na instituição em que trabalha.
É importante começar pela experiência prévia do aluno, – o que cada um sabe sobre um assunto. E avançar para compartilhar as referências básicas comuns a todos – um vídeo, um texto fundamental. E propor atividades em ritmos diferentes para alunos com estilos cognitivos diferentes.
Tudo o que é previsível, a tecnologia faz por nós, ou nos serve como apoio. Nosso desafio é motivar os alunos para gostar de ler, de pesquisar, de aprender, de conviver. Para isso também precisamos ter desenvolvido esse mesmo gosto, competência e riqueza de experiências de aprendizagem em todos os campos. Se somos previsíveis, utilizaremos as tecnologias de forma previsível também, com poucos diferenciais.
Numa sociedade conectada, podemos aprender de formas muito diferentes desde que entramos na escola. Mesmo “confinados”, alunos e professores em espaços previsíveis, nossas atividades de ensino e aprendizagem podem ser muito mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que combinem o melhor do percurso individual e grupal. É possível planejar atividades diferentes para grupos de alunos diferentes, em ritmos diferentes e com possibilidade real de acompanhamento pelos professores. É importante trabalhar com desafios de aprendizagem, começando pelos simples, ligados à realidade deles e ir evoluindo para outros mais complexos.
Quando a aprendizagem deixa de valer a pena?
Prof. José Manuel Moran - A aprendizagem vale menos a pena quando conseguimos motivar os alunos só com argumentos externos (a nota, ameaça de punições etc.). Nesse caso eles aprendem só para passar, para livrar-se da tarefa, para ter um diploma. Vale a pena, quando motivamos os alunos intimamente, quando eles acham sentido nas atividades que propomos, quando se engajam em projetos em que trazem contribuições, quando os resultados superam nossas expectativas iniciais, porque houve uma negociação na atividade e eles fizeram sugestões enriquecedoras.
A aprendizagem deixa de valer a pena quando não acontece de verdade. Se pouco mais de um terço dos alunos de nível superior consegue interpretar um texto, o problema é muito grave. Metade dos alunos do ensino médio e superior desistem de estudar. O motivo principal não é o econômico, a necessidade de trabalhar, mas o de não ver sentido no que se aprende. A escola é pouco atraente. As disciplinas estão soltas, falam de assuntos sem ligação direta com a vida do aluno. Muitos professores estão desmotivados. A infraestrutura está bastante comprometida, o acesso real da maior parte dos alunos à Internet é muito insatisfatório.
Se tantos jovens desistem do ensino médio e da faculdade, isso comprova que a escola e a universidade precisam de uma forte sacudida, de arejamento, de um choque.  Alunos que não gostam de pesquisar, que não aprendem a se expressar coerentemente e que não estão conectados ao mundo virtual não têm a mínima chance profissional e cidadã enquanto esse quadro não mudar. Saber pesquisar, escolher, comparar e produzir novas sínteses, individualmente e em grupo, é fundamental para poder ter chances na nova sociedade que estamos construindo.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

REFLEXÃO ....

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

Carlos Drummond de Andrade


Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Rubem Alves

Nunca deixei que a escola interferisse na minha educação.

Mark Twain (1835-1910)

Uma escola que não respeita a diversidade de seus funcionários, jamais respeitará a diferença de suas crianças.

Rafael de Oliveira Leme


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Menina Bonita do Laço de Fita

Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

[de Ana Maria Machado, livro.
ilustração: Claudius]
www.palmares.gov.br

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Fadas, bruxas e monstros encantam crianças, adolescentes e até mesmo adultos. E a contadora de histórias Alessandra Giordano vem despertando a atenção

Fadas, bruxas e monstros encantam crianças, adolescentes e até mesmo adultos. E a contadora de histórias Alessandra Giordano vem despertando a atenção de ouvintes há mais de 20 anos. Ela acredita que histórias podem colaborar para um ambiente familiar mais harmonioso e que, juntos, pais e filhos podem trabalhar a criatividade.
Para a autora do livro “Contar Histórias, Um Recurso Arteterapêutico de Transformação e Cura” (Artes Médicas), a história tem o poder de fortalecer e ajudar a criança a querer ser melhor. “E não custa nada, é a coisa mais barata do mundo e é amor, amor puro, amor verbalizado”, define.

Alessandra ainda afirma que, no momento de contar e ouvir um conto, os pais se fortalecem no filho – que, por sua vez, encontra força nos pais. “Nunca nos esquecemos das histórias que nossos pais nos contaram ou ainda contam. E os pais jamais se esquecem do olhar atento de um filho”, diz. “E só assim – olhando no olho, falando, abraçando e contando histórias sobre coisas boas – é que a gente se fortalece
As informações que temos sobre a origem dos contos de tradição oral explicam que, na realidade, eles são as primeiras histórias que povoaram a mente do ser humano, ou seja, eles vêm das cantigas de ninar. Isso mostra a importância de se contar histórias para bebês., pois além do contato físico entre o contador e o ouvinte, a história contada cria um elo de afeto, fundamental para o desenvolvimento da criança.

Vejam só que dilema!!!

Nesta altura da vida já não sei mais quem sou...



Na ficha da loja sou CLIENTE,
no restaurante FREGUÊS,
quando alugo uma casa INQUILINO,
na condução PASSAGEIRO,
nos correios REMETENTE,
no supermercado CONSUMIDOR

Para a Receita Federal CONTRIBUINTE,
se vendo algo importado CONTRABANDISTA.
Se revendo algo, sou MUAMBEIRO,
se o carnê tá com o prazo vencido INADIMPLENTE,
se não pago imposto SONEGADOR.
Para votar ELEITOR,
mas em comícios MASSA
em viagens TURISTA , na rua caminhando PEDESTRE.
Se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE.
Nos jornais viro VÍTIMA,
se compro um livro LEITOR,
se ouço rádio OUVINTE.
Para o Ibope ESPECTADOR,
para apresentador de televisão TELESPECTADOR,
no campo de futebol TORCEDOR.
Se sou corinthiano, SOFREDOR.
Agora, já virei GALERA.
(se trabalho na ANATEL , sou COLABORADOR )
e, quando morrer... uns dirão... FINADO,
outros .... DEFUNTO,

para outros ... EXTINTO,

para o povão ... PRESUNTO.
Em certos círculos espiritualistas serei ... DESENCARNADO,
evangélicos dirão que fui ...ARREBATADO.
E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL !!!
E pensar que um dia já fui mais EU.
Luiz Fernando Veríssimo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Você é o seu próprio obstáculo.

Publicado em: 27/05/2010 | Comentário: 0 | Acessos: 119 |

A afirmação é consensual. Não quero ser prepotente ou leviano nessa discussão. O que afirmo está baseado em anos de sala de aula, em vários níveis educacionais, público ou privado. O que se vê nessa experiência, principalmente no ensino médio, é o aluno sem ainda ter convicção da escolha da profissão, vive com dúvida ou ainda não pensa o que vai fazer.

Nessa minha vasta experiência, percebo o que mais me chamou atenção foi presenciar os obstáculos enfrentados pelos alunos. Eles não tiveram aproveitamento nos conteúdos. Isso acaba transparecendo a deficiência em algumas matérias, como Física, Química, Matemática, Redação e etc. No entanto, alguns alunos conseguem superar esse obstáculo – são pessoas que realmente dão valor aos estudos, vivenciam o conhecimento compartilhado em sala de aula.

A não atitude, a falta de comprometimento com os estudos é o fator primordial da reprovação, não só da vida educacional como também da vida pessoal. O que afirmo veementemente é que o maior obstáculo do aluno é ele mesmo. Não quero aqui generalizar, pois há alunos excelentes, excepcionais. Entretanto, uma grande parte se encaixa na afirmação. São pessoas que facilmente perdem o foco do estudo, às vezes são influenciados por outros. O problema é contagioso, e se você não for seguro acaba jogando fora a oportunidade que planejou.

Outro fato importante que deve ser mencionado é a desilusão desses alunos no final do ano. Eles se questionam e procuram culpados para o fracasso escolar. Enquanto que os outros estão comemorando a entrada na universidade, a alegria é contagiante e nós professores ficamos contentes com essa parte e triste com os outros.

Então, veja bem se você se enquadra no perfil do aluno dedicado, que realmente estuda, aprimora o conhecimento; ou se é o aluno que não se compromete, só atrapalha, conversa no momento da explicação do professor e influencia outros a fazer o mesmo. Caso você se enquadre no segundo perfil, eu tenho uma informação que pode ainda mudar a sua vida, que é uma frase muito conhecida: "nunca é tarde pra mudar", porque é você que faz o seu futuro. Se você pensa que o bom pra você é ficar do jeito que está tudo bem, mas não atrapalhe os que querem.

O maior sonho do professor, portanto, é ver uma sala de aula comprometida com o estudo, com a aprendizagem de qualidade. Isso seria indubitavelmente a quebra de todos os obstáculos – o sonho de todos: pai, direção, aluno e professor.

http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/voce-e-o-seu-proprio-obstaculo-2475067.html